quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lar, doce lar...

Há exatamente um mês a nossa volta ao mundo chegou ao fim. Estamos nos readaptando à civilização, usar um banheiro limpinho e dormir todos os dias na mesma cama chega a ser estranho.Logo que chegamos fomos bombardeados de perguntas, do que vocês mais gostaram? O que vocês aprenderam? Quais foram seus lugares preferidos?
Confesso que me senti perdido. Saí do Brasil cheio de expectativas, certo de que esta longa jornada mudaria completamente a minha vida, que na volta eu seria um novo homem. Mas, aqui estava eu, exceto pela barba gigante, ainda o mesmo cara que havia saído de casa sete meses atrás com o sonho de conquistar o mundo.
Onde estava toda a sabedoria que eu deveria ter adquirido? A grande idéia de negócios, a vocação que eu deveria ter encontrado, o tema de um grande livro? Que merda, será que eu havia despediçado minha oportunidade?

Demorei para me dar conta de algo muito importante, que havia passado desapercebido. Durante os últimos 183 dias eu não havia ficado aborrecido uma única vez. Foram quase sete meses sem preocupações, tristezas ou chateações.
Quando sua preocupação é tentar adivinhar qual comida do almoço vai desencadear a próxima crise de disinteria, sobra tempo para ver as pequenas coisas que muitas vezes nos passam desapercebidas, dar risada da coitada da tartaruga que tem que andar com a casa nas costas, assistir o sol nascer, e ter o privilégio de assistir ao sol se pôr. Dá para voltar a viver a vida como uma criança, que morre de medo da morte, porque crianças sabem que viver é bom demais!
Que loucura foi perceber que precisei pensar muito antes de entender que a coisa mais legal da volta ao mundo não estava em nenhum país, aventura, ou paisagem. A coisa mais legal estava o tempo muito perto. Quando somos crianças passamos muito tempo com nossos irmãos, brincamos, inventamos jogos. Depois que crescemos, esquecemos quem realmente nos é importante e acabamos passando muito tempo com gente chata, falsa, que pensa que é importante mas na verdade é totalmente sem graça. Quantas pessoas depois de adultas tem a chance de passar seis meses com o cara mais bacana que elas conhecem? E mais, quantas pessoas tem a sorte de ter este cara como irmão?
Eu e o Eduardo temos esta sorte. Lembro que estava quase indo comprar a passagem quando a mãe me disse - ´o Drico estava conversando comigo e queria saber se poderia ir junto na viagem´. A única coisa que não estava nos planos acabou sendo o melhor de tudo.
Valeu Pisquel!

4 comentários:

  1. Parabéns, Mauricio. Você realmente percebeu o que vale a pena na vida. A gente fica inventando um monte de coisa sem sentido para dar sentido à vida, mas o que vale, no fim, é só viver. Com leveza, dando valor às pequenas coisas e às pessoas que realmente valem a pena. Afinal, é só isso o que a gente leva mesmo quando termina nossa jornada neste mundão. Adorei seguir as aventuras de vcs e ver justamente essa descoberta. Toda a sorte do mundo agora na nova aventura que você está iniciando. Beijão

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  2. Mau que lindooooo!!! Até chorei. Se bem que grávida chora por qualquer coisa. Mas de qualquer modo, eu tenho um irmão que é como o Drico pra você e sei que tudo na vida fica melhor quando se tem gente boa do lado da gente!!! Sei também que às vezes a gente procura tanto uma mudança sem perceber que ela está dentro da gente, do nosso lado, na nossa frente!!! Parabéns pela sua viagem, coragem, seu português e sua prosa deliciosa, parabéns por ir e por voltar e parabéns por tudo que nos ensinou. Espero te ver em breve. Beijos especiais. Maria Fernanda.

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  3. VALEU GAROTOS.PARABENS.

    AGRADEÇO A DEUS POR ME ABENÇOAR COM TRES FILHOS
    MARAVILHOSOS.AMO MUITO VCS.

    BJOS MONKA

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  4. Aproveitando o gancho das perguntas infinitas, a minha chega com alguns meses de atraso... Quando será a próxima viagem? Gostei do Blog...

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