sábado, 30 de maio de 2009

A caminho de Curiouse

Mais uma semana mergulhando em Seychelles.
Finalmente eu e o Drico começamos a fazer pesquisa séria! Passamos nos 2 exames, prático e teórico e de agora em diante estaremos contribuindo para o projeto mundial de monitoramento dos recifes de Coral!

Além de mergulhar também nos divertimos por aqui. Na sexta organizamos a primeira noite Brasileira do centro de pesquisas, com direito a caipirinha, brigadeiro, Seu Jorge, aula de samba e muito verde e amarelo!
E agora estamos de saída para Curiouse, a 80 km da ilha principal, Mahe. Curiouse é uma ilha de acesso restrito, fechada para turistas. Vamos ficar no centro de pesquisas de lá por uma semana, totalmente isolados do mundo, agora sim, barba e ilha deserta, estou me sentindo o verdadeiro Náufrago!

sábado, 23 de maio de 2009

Global Vision International - Seychelles

Foram 2,5 horas de vôo do Kenya, e finalmente chegamos ao Paraíso!
Seychelles foi uma colônia Francesa e posteriormente Inglesa, são mais de 20 ilhas espalhadas por uma área de 1,4 milhão de kilômetros quadrados no Oceano Indico. A língua oficial é o creoule, uma versão local de francês, e a população de tão misturada chega a lembrar o povo brasileiro.
Depois de 1 dia na simpática capital Victoria seguimos para a base do projeto em Port Launay, extremo oeste da ilha de Mahe. Mais uma vez estavámos completamente despreparados para o que nos aguardava. A base do projeto fica num antigo complexo do governo para jovens estudantes, que foi abandonado em 1996 e doado para o projeto em 2002. Do complexo que em seu auge abrigava mais de 400 estudantes sobraram apenas as ruínas. Nosso alojamento é em um destes prédios abandonados, onde foi feita uma pequena reforma, tem telhado, janelas e ventiladores. Estamos em um dos 3 quartos coletivos que abrigam os 20 voluntários, além de nos a base conta com 4 biólogas e 4 instrutores de mergulho.

Mas como vocês podem verificar, acima estamos bem pouco preocupados com o conforto. A praia da foto fica dentro da reserva marinha e possui acesso restrito. Ela está a 40 metros do alojamento, e todos os dias de manhã mergulhamos nos arredores desta baía (reparem que o barco da foto é o nosso querido manta, que usamos para chegar aos pontos de pesquisa).
A rotina por aqui é bem pesada, acordamos antes das 6 da manhã para preparar o barco e tomar café. Os mergulhos começam logo depois e durante todo o dia estamos dentro d'água ou realizando as tarefas do acampamento que se dividem em limpeza, cozinha (cozinhar o almoço e janta para as 30 pessoas), encher cilindros de ar comprimido para os mergulhos e ajudar no barco na hora dos mergulhos.
Não bastasse isso ainda tivemos que fazer o curso de mergulho avançado e o de corais e invertebrados nas 2 primeiras semanas. Quatro horas de aula por dia e prova no final para garantir que podemos identificar as 45 espécies de coral e 25 de invertebrados da reserva com 95% de acerto. O Drico está com invertebrados e eu fiquei com coral, ambos passamos na prova na primeira tentativa nesta quarta feira. (nota - dos 7 voluntários que ficaram com coral apenas 2 não são biologos, eu e o Ryan, um programador de sistemas da Disney. E adivinha quem foram os 2 que gabaritaram a prova? Os biologos querem nos matar!).

Se quiserem visitem o blog do projeto - http://gviseychelles.blogspot.com/ tem algumas fotos nossas por lá também.

Hoje estamos de folga mas amanhã voltamos para o mar, abaixo um tira gosto do que temos por aqui...





The maneaters of Tsavo

Depois do Safári partimos para Mombasa, na costa Keniana a bordo do famoso Jambo Kenya Deluxe, o trem que liga as 2 cidades.

Foram 11 horas de viagem sobre a ferrovia construída em 1898 que ficou mundialmente famosa no filme - A sombra e a escuridão - que conta a história do Coronel Patterson, o engenheiro chefe da ferrovia que depois de 9 meses de angustia, medo e sangue, conseguiu matar os 2 leoes mais famosos do Kenya, os Men Eaters of Tsavo que comeram 116 trabalhadores da ferrovia.

A atmosfera de decadência do trem e fantástica. Os talheres de prata no vagão restaurante e os bancos de couro da cabine da primeira classe são algumas das poucas lembranças de outra época, quando este era o principal meio de transporte dos nobres britânicos que vinham visitar a colônia Keniana.

Depois de 11 horas de viagem o trem teve que parar devido a um descarrilamento na linha e nós descemos do trem e pegamos uma lotacao (Matatu) até Mombasa, coisas da Africa.

sábado, 16 de maio de 2009

Ernest Hemingway - The snows of Kilimanjaro

Lembro que precisei ler "The Old Man and the Sea" de Ernest Hemingway para minha aula de English 2 no segundo colegial quando estudei em Michigan, EUA. Em 1995 meu inglês e meu interesse por literatura eram insuficientes para que eu apreciasse o livro.

No aeroporto de Nairobi encontrei um exemplar de um outro livro de Hemingway - The snows of Kilimanjaro. Não bastasse a excelente qualidade da narrativa, Hemingway foi um grande aventureiro, que viveu a vida de maneira intensa, e, entre outros lugares, conheceu e se apaixonou pela Africa. Bastou ler o primeiro parágrafo do livro para que eu entendesse que ele também sentia a mesma admiração que eu pela vontade insaciável e sem explicação que muitas vezes sentimos de buscar algo que esta muito além de nossa compreensão...

"Kilimanjaro is a snow-covered mountain 19,710 feet high, and is said to be the highest mountain in Africa. Its western summit is called the Masai 'Ngaje Ngai', the House of God. Close to the western summit there is a dried and frozen carcas of a leopard. No one has explained what the leopard was seeking at that altitude." -
The Snows of Kilimanjaro, Ernest Hemingway.

Masai Mara - The big 5

Desde pequeno assisti documentários sobre vida selvagem na Africa, desde pequeno sonhei com o dia em que eu ia percorrer as savanas em busca de Leopardos, Elefantes, Rinocerontes...
Quando morei na Africa do Sul tive um tiragosto, mas aquilo foi apenas um aperitivo comparado ao que nos esperava no Masai Mara.
Ana, Mau e Drico preparados para iniciar o Safari
O Masai Mara fica na fronteira entre o Kenya e a Tanzania, o rio Mara que divide os países divide também os dois parques, Masai Mara e Serenguetti. Aqui, entre os meses de julho e agosto acontece um dos mais bonitos espetáculos da natureza, a migração de mais de 50 mil gnus e zebras que inclui a perigosa travessia do rio Mara, infestado de crocodilos que nesta época do ano enchem a barriga.

Simba, Musafa e Scar (Pra quem não entendeu, assistam Rei Leão!)
No Masai Mara tudo existe em outra escala. O parque em si tem mais de 1.500 km quadrados, e junto com os mais de 9.000 do Serenguetti são mais que metade de Sergipe!
As manadas de elefantes tem 20, 30 indivíduos, e passamos por uma manada de bufalos que quase se perdia de vista no horizonte.

Manada de elefantes
Achar os animais por aqui não é tarefa simples. Nosso guia, conhecido como James Bond, fez por merecer a gorjeta, e nos levou por todo canto até encontrarmos os big 5 - Leão, Leopardo, Elefante, Rinoceronte e Bufalo. Claro que no meio do caminho passamos por todos os tipos de antílopes, babuínos, girafas, hipopotamos, zebras, guepardos, chacais, e toda uma lista de animais que encheram de fotos os 2 cartoes de 1 gigabyte da minha Nikon D90 (Obrigado Ivo, a máquina realmente é demais! Quem quiser uma máquina assim visite www.ttanaka.com.br)
Rinoceronte e Flamingos - Lake Nakuru
Além do Masai Mara visitamos também o parque de Lake Nakuru, famoso pelos bandos de Flamingos e que nos presenteou com a foto acima.
Muitos, muitos bufalos
Dormimos no acampamento do Big Time safaris, imaginem o susto da minha namorada, que veio nos visitar de Londres, saindo da civilização e do frio para dormir em um acampamento rodeado de animais selvagens no meio do calor do Kenya!
Um Leopardo que não gostou muito da foto
E do Masai Mara eu, Ana, e Adriano partimos para a costa, mas este post eu escrevo na semana que vem.
Obrigado a todos os amigos e leitores, adoramos as mensagens e gostamos muito de compartilhar a viagem com vocês! Abraços

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Summit time - 6:15 am!

De Dar-Es-Salaam pegamos o ônibus para Moshi, e depois de 6 horas chegamos aos pés do Kilimanjaro, a montanha mais alta do continente africano e uma das mais altas do mundo!
Como tudo por aqui tivemos que pesquisar, pechinchar, descobrir quem estava nos enganando, ate que finalmente decidimos contratar o guia da Kessy Brothers para nos levar ao topo da Africa.
Existem 4 rotas para chegar ao topo da montanha e a nossa escolhida foi a Machame route, também conhecida como Whisky route, dura no começo e suave no final... quem dera...
Começamos a subida sob um sol de 30 graus, suando de bermuda, primeiro dia de 1200 a 3000 metros, segundo dia a 3800 metros, terceiro dia aclimatização subimos a 4600 e voltamos a 3800 para dormir. Quarto dia caminhamos 8 horas até o campo base a 4800 metros, fomos dormir cedo pois antes da meia noite iniciaríamos o ataque ao cume!
Dormimos muito pouco, depois de 4 dias de caminhada forte, diarréia (Drico), mal de altitude e falta de banho estava difícil pegar no sono. Acordamos no escuro com nosso guia, o Joseph, perguntando - 'you sleep good? Body strong? Drink black coffee we go to summit!'
Foram 6 horas e 15 minutos de puro sofrimento. Não consigo me lembrar de me sentir tão mal em toda minha vida. A cada passo (e a essa altura nossos passos ridículos nos arrastavam no máximo 30 centímetros cada um...) sentíamos falta de ar e vontade de vomitar. De tão frio a água que estava dentro de nossos camelbacks na mochila congelou, e o tempo parecia não passar. Não conseguíamos conversar te tanta falta de ar, e pensei diversas vezes em desistir.
As lágrimas do Drico (acima) atestam nossa emoção quando chegamos ao cume! Eu também estava me debulhando em lágrimas, mas por sorte a máquina estava comigo.
Chegamos ao cume da Africa; Uhuru Peak, 5896 metros acima do nível do mar. Nunca subi tão alto a não ser dentro de um avião, e tem muito avião que nem sobe tanto!
Descemos em 7 horas até o acampamento da ultima noite, a 3800 metros, onde depois de 13 horas seguidas de caminhada pudemos descansar. O comentário na descida era que nunca mais iríamos nos sujeitar a um perrengue tão grande, mas a memória do ser humano é extremamente seletiva e pra ser sincero agora só me lembro da emoção do cume. E agora estamos aqui no cyber café pesquisando qual é a altura do Aconcágua...