segunda-feira, 29 de junho de 2009

A India e o templo do Kama Sutra

Como o Drico disse - "foi legal conhecer, mas já deu... Acordar 3 horas da manhã sem energia elétrica, ventilador desligado num calor de 45 graus... Passar nervoso toda a vez que vamos a algum lugar pois se não bastasse a negociação de 10 minutos para definir o preço do taxi ainda temos que aguentar as buzinadas, fechadas, contra mão, e loucuras mil (isso quando não tem batida) do autorickshaw, ruas imundas e pipocando de gente pedindo esmola...já deu"
Pois bem saímos da India. Rodamos o pais, mais de 4.000 kilometros, 20 horas de trem, 36 horas de ônibus, 5 de vôo, e o calor de mais de 40 graus todos os dias. Conhecemos pessoas interessantes, o Yogi Sharman que deu uma aula de psicologia para mim em Kajuraho, monges tibetanos com um eterno sorriso no rosto em Dahramshala, motoristas de autorikshaw malucos em Agra, centenas de crianças paupérrimas em Delhi que vivendo na rua e pedindo esmola encontravam tempo para brincar e sorrir.
A India foi uma lição de vida, nos mostrou que e possível haver ordem em meio ao caos, sorrisos em meio a uma vida difícil e sem perspectiva, filosofia e sabedoria no meio do deserto e respeito entre as pessoas de diferentes credos, classes e formação.
Pegando o avião para a Tailândia refletimos sobre os contrastes que vimos. Na ultima semana visitamos os templos do Kamasutra em Kajuraho. Para entrar precisamos usar calça comprida e tirar os sapatos, lá dentro pessoas meditavam e acendiam incenso, e nas paredes... alto relevos das maiores sacanagens que eu já vi...
tinha posição que era difícil de decifrar!
Essa é a india, contrastes que nos surpreendem e coisas que só quem já foi pode entender. Namaste!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Panna National Park

Foi perto do Panna National Park que o menino Lobo, que inspirou a historia do Mogli, foi encontrado em 1934. Dormimos em Kajuraho e acordamos no dia 25 antes das 4 da manhã num calor de 40 graus para iniciar nosso safári antes dos bichos se esconderem do sol que já ia nascendo. Queriamos mesmo ver o famoso Shir Khan, o Tigre, mas infelizmente, na pobreza e superpopulação da india conservar um parque nacional longe dos tiros dos caçadores ilegais é uma tarefa difícil, e hoje há pouca certeza sobre a quantidade de tigres em Panna, e ver um deles por lá é raro. Mesmo assim, entrar na floresta árida indiana e escutar os gritos do pavão ao nascer do sol foi uma experiência unica. Vimos diversos tipos de cervos e antílopes, e quando pensamos que não havia mais nada para ver fomos surpreendidos por dois leopardos que estavam caçando e corriam em meio ao capim seco.Foi uma cena unica, o dia nascendo e os dois leopardos saltando entre as folhas, furtivamente, atrás do seu café da manhã. Nessas horas parece que o tempo para, e você fica ali, imaginando quantas pessoas no mundo já viram ou algum dia vão ver uma cena destas. Bate uma felicidade imensa por estar no lugar certo, na hora certa, no meio do nada, longe de tudo e perto da vida.

Ganga, o rio da vida

Vi no cinema, na novela da Globo, mas como o famoso santo precisei ver ao vivo pra crer!
Segundo Mark Twain - "Benares (antigo nome de Varanasi) is older than history, older than tradition, older even than legend, and looks twice as old as all of them put together."

Aqui realmente é possivel experimentar o dia da dia da vida religiosa da India. O rio Ganges é o centro da cidade e da religião. Nele são jogadas as cinzas dos mortos (que segundo a crença, ao serem queimados aqui ficam livres do eterno ciclo de reencarnaçoes), o lixo da cidade, os mortos não queimados (crianças, mulheres grávidas, leprosos, etc...), as flores e oferendas para ganga, além de ser o lugar para tomar banho, lavar as roupas, as vacas, os bufalos, macacos, cachorros e pegar a água para beber! Haja anticorpos!Com um calor de 45 graus celsius confesso que fiquei tentado a entrar no rio também, mas achei prudente optar pelo banho de água "morna" do hotel. De aventura já chega escovar os dentes com água da pia e comer em restaurantes sem água na cozinha...
Pra não sair de mãos abanando o drico resolveu garantir nosso Karma fazendo um Puja (oferenda) de flores para Ganga.

Enquanto isso a molecada mergulha no rio mais louco que já vi na vida, e os mortos passeiam pelas ruas em procissão até serem queimados e atirados de volta ao rio da vida!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Caminhos da India!

Primeiros dias na India! Depois de 4 dias de viagem (1 vôo cancelado, 1 vôo atrasado e 1 vôo que retornou ao aeroporto devido a um "raio que atingiu a aeronave) conseguimos chegar na India! O que o Lonely Planet recomenda fazer em 1 mês nós resolvemos fazer em 15 dias... Haja coração! Vamos visitar Agra, Jaipur, Udaipur, Varanasi, Kajuraho e Dahramsala percorrendo mais de 4.000 kilômetros de trem e ônibus pela India! Começamos a jornada partindo de trem de Dehli rumo a Agra onde conhecemos o Taj Mahal, o funebre monumento ao amor construído pelo Maraja Shah Jahan para abrigar os restos mortais de sua amada esposa Mumtaz Mahal que morreu dando a luz ao seu 14 filho. Em seguida fomos ao Agra fort, onde o Shah Jahan ficou aprisionado por 9 anos após sofrer um golpe de seu filho (e sucessor) Aurangzeb, de lá o pobre Shah Jahan podia apenas ver pela janela o mausoléu de sua amada... Seguimos de trem para Jaipur onde visitamos a cidade abandonada de Fatehpur Sitki, construída pelo Imperador Mughal Akbar. O que deveria ser uma cidade santa, totalmente planejada, de mármore vermelho e linda, foi abandonada após a morte do Imperador pois por um "descuido de projeto" ela fica em um lugar onde não tem agua, e com um calor de 45 graus não tem indiano que aguente!
De lá pegamos o ônibus para Udaipur onde vimos o famoso Palácio no lago do Marajá Jagat Singh II contruído em 1764, mas que devido ao mau uso da água, e o calor de 45 graus acentuado pelo aquecimento global, hoje em dia pode trocar de nome e se chamar Palacio no gramado... Como vocês podem ver na foto, o lago de 4km por 3km hoje ficou reduzido a um "rego" onde transita um barquinho. De Udaipur partimos para mais 12 horas de trem, rumo a Delhi e de lá para Varanasi. E como dormir no trem é complicado, a solução é tirar um cochilo na estação. E pra quem quer ver trens na India... Assistam Slumdog Millionaire[bb]!
Namaste!

sábado, 13 de junho de 2009

Curieuse Island

Este post chega atrasado, mas antes tarde do que nunca. Ficamos na ilha de Curieouse na semana do dia 01 a 06 de junho.
A Ilha de Curieuse foi a quinta ilha descoberta pelos franceses no arquipélago de Seychelles. Hoje ela é um parque nacional, e durante nossa semana lá ficamos completamente isolados do mundo!

A base do projeto lá fica em uma antiga colônia de leprosos, que funcionou entre 1820 e 1940. Depois de mais de 60 anos abandonadas, as casas de pedra foram tomadas pela floresta e agora o pessoal do Global Vision International está limpando algumas ruínas para usar como sede. Nosso trabalho foi carpir, retirar troncos, pedras, levantar paredes e pintar. Tudo isso sempre a 10 metros do mar azul, com pausas para mergulho e peixe assado com cerveja quente (nada de energia elétrica) a partir das 17:00.

Semana do ogro total, banho nem imaginar e convivência diaria com as dezenas de ratos que dividiam conosco a casa de madeira. Decobrimos que o melhor mesmo era dormir na areia da praia, onde os ratos não iam e tínhamos um céu lindo e estrelado só para nos.
Foi uma semana incrível, tartarugas gigantes aos montes, coco de mer (a planta mais famosa de Seychelles, cujos frutos se parecem com... bumbuns) e muita risada. Vai deixar saudade!

Presente de aniversário

Dia 10 de junho, acordamos cedo para a ultima coleta de plankton desta fase do projeto. Na coleta de plankton descemos um funil de tela amarrado a uma linha na popa do barco. Depois de 5 minutos puxamos os 15 metros de linha, momento em que sempre rola uma competição entre os homens do barco para ver quem puxa mais rápido. O Drico mantém o controverso recorde de 41 segundos, meu melhor tempo é 42 e o terceiro colocado desta temporada foi o Haftor, nosso instrutor de mergulho sueco, que parece um vicking gigante, com 48 segundos.
Mas este dia não seria um dia de coleta comum, entre os meses de junho e setembro os níveis de plankton aumentam gradativamente atraindo o maior e mais misterioso peixe dos oceanos, o tubarão baleia.
Na segunda coleta do dia começamos a puxar a linha e contar os segundos, one, two, three, four e - WHALE SHARK!
Intrigado pelo cesto branco puxado atrás do barco o tubarão resolveu dar uma olhada, e apareceu a 2 metros de nós, bem no lugar onde o cesto deveria aparecer! Com 7 metros de comprimento nosso barco ficou pequeno perto dele. Pegamos nossas máscaras e snorkels e pulamos na água, mas ele já tinha ido...
Continuamos com a coleta de plankton e no final resolvemos fazer um snorkel, quem sabe não daríamos sorte e o tubarão apareceria de novo? Bom, ele não apareceu, mas a prima dele estava por lá! Vimos outro tubarão baleia (viva a abundância de plankton!) com uns 5 metros e meio. Completamente alheio a nossa presença ela (sim, era fêmea) nadou por mais de 20 minutos ao nosso lado.
Foram os 20 minutos mais fantásticos de Seychelles. Que sensação incrível nadar ao lado de um bicho tão grande e tão bonito! Saímos da água com as pernas doendo (não é fácil acompanhar o ritmo do bicho) e com o coração grato por poder apreciar um espetáculo tão bonito da natureza...