Não estávamos preparados para a surpresa que nos aguardava. O passeio partiu da vila de pescadores na praia de Kizimbazi ao sul da ilha de Zanzibar. Entramos no barco com a única certeza que o enjôo viria logo, pois os 40hp do motor de popa mal tinham força para vencer as ondas que só de olhar viravam o estômago. Foram 20 minutos de perrengue e eu estava quase pedindo para voltar quando o timoneiro (que tinha um caso de elefantíase na perna pior que qualquer foto do meu livro de ciências da quarta série) gritou – dolphin, left look! A princípio não vi nada, então apareceram 5 golfinhos bottlenose (Tursiops truncatus), seguidos de mais 5 e mais e mais até ficar difícil de contar. Pulamos na água e vimos o grupo que estava nadando a uns 15 metros de profundidade. Eu e o drico mergulhamos e dois golfinhos mais curiosos resolveram subir e averiguar o que seriam aqueles dois seres desajeitados de nadadeiras azuis. Eles subiram rápido e pararam a uns 2 metros de distância, aí foram se aproximando mais devagar até chegar a uns 50 centimetros de nós.
Não sou capaz de descrever o que sentimos. Quem já assistiu ao filme Le grand bleu ( 1988 – Luc Besson, “imensidão azul”) pode buscar na memória a cena onde Jacques Mayol desce para as profundezas um lugar onde o silêncio só é interrompido pelo suave apito dos golfinhos . Por alguns longos segundos ficamos nos olhando, silêncio completo num mar azul turquesa, e creio que os quatro sentiram o mesmo, que havia um ser inteligente por trás daqueles olhos.
Ficamos mais dez minutos na água nadando com todos eles, até que o grupo se foi, deixando um gosto de quero mais e a lembrança do olhar, que chega a dar um arrepio pois pra mim ficou claro que a curiosidade era mútua, e que eu e o drico não éramos os únicos seres inteligentes ali na água.
Não sou capaz de descrever o que sentimos. Quem já assistiu ao filme Le grand bleu ( 1988 – Luc Besson, “imensidão azul”) pode buscar na memória a cena onde Jacques Mayol desce para as profundezas um lugar onde o silêncio só é interrompido pelo suave apito dos golfinhos . Por alguns longos segundos ficamos nos olhando, silêncio completo num mar azul turquesa, e creio que os quatro sentiram o mesmo, que havia um ser inteligente por trás daqueles olhos.
Ficamos mais dez minutos na água nadando com todos eles, até que o grupo se foi, deixando um gosto de quero mais e a lembrança do olhar, que chega a dar um arrepio pois pra mim ficou claro que a curiosidade era mútua, e que eu e o drico não éramos os únicos seres inteligentes ali na água.