terça-feira, 28 de abril de 2009

Le grand bleu - os golfinhos de Zanzibar



Não estávamos preparados para a surpresa que nos aguardava. O passeio partiu da vila de pescadores na praia de Kizimbazi ao sul da ilha de Zanzibar. Entramos no barco com a única certeza que o enjôo viria logo, pois os 40hp do motor de popa mal tinham força para vencer as ondas que só de olhar viravam o estômago. Foram 20 minutos de perrengue e eu estava quase pedindo para voltar quando o timoneiro (que tinha um caso de elefantíase na perna pior que qualquer foto do meu livro de ciências da quarta série) gritou – dolphin, left look! A princípio não vi nada, então apareceram 5 golfinhos bottlenose (Tursiops truncatus), seguidos de mais 5 e mais e mais até ficar difícil de contar. Pulamos na água e vimos o grupo que estava nadando a uns 15 metros de profundidade. Eu e o drico mergulhamos e dois golfinhos mais curiosos resolveram subir e averiguar o que seriam aqueles dois seres desajeitados de nadadeiras azuis. Eles subiram rápido e pararam a uns 2 metros de distância, aí foram se aproximando mais devagar até chegar a uns 50 centimetros de nós.

Não sou capaz de descrever o que sentimos. Quem já assistiu ao filme Le grand bleu ( 1988 – Luc Besson, “imensidão azul”) pode buscar na memória a cena onde Jacques Mayol desce para as profundezas um lugar onde o silêncio só é interrompido pelo suave apito dos golfinhos . Por alguns longos segundos ficamos nos olhando, silêncio completo num mar azul turquesa, e creio que os quatro sentiram o mesmo, que havia um ser inteligente por trás daqueles olhos.

Ficamos mais dez minutos na água nadando com todos eles, até que o grupo se foi, deixando um gosto de quero mais e a lembrança do olhar, que chega a dar um arrepio pois pra mim ficou claro que a curiosidade era mútua, e que eu e o drico não éramos os únicos seres inteligentes ali na água.

domingo, 26 de abril de 2009

Spices from Zanzibar

Tanzânia, famosa por ser a terra natal do Fredie Mercury e do ser Humano. Os primeiros vestígios do homo habilis, o primeiro fóssil do gênero homo (entenda-se aquele que sucedeu o australopitecus, e não o que vocês imaginaram) foram encontrados por aqui! (e claro, fiz o comentário pois estou lendo "People from the Lake", de Richard Leakey um dos mais famosos antropólogos do mundo, conhecido pela descoberta do crânio 1470, o tal do Homo Habilis)
A chegada a Dar es Salaam foi puro Tanzanian Style. Dois ratos grandes no saguão do aeroporto e enquanto preenchíamos os papéis da imigração a luz acabou e tivemos que esperar uns 3 ou 4 minutos no escuro (no aeroporto internacional) antes de poder entrar no país.
A saída do aeroporto é diretamente na rua, no meio do caos de carregadores, motoristas de táxi e todo o tipo de ambulante te agarrando pelo braço, confesso que senti meu primeiro contato com a Africa real, perto daqui a Africa do Sul é europa!
Fomos literalmente assaltados pelo mr. Tanganika, o motorista de taxi que nos pareceu mais honesto e que acabou se aproveitando de nossa situação cambial (quando chegamos a casa de cambio do aeroporto estava fechada, e o caixa automático nem ligado estava) e topou receber em US$ pelo cambio de Tsh 1000 (depois descobrimos que o aceitável é cerca de 1350, uns 30% a mais...) e nos levou para o Luther House Hostel, ao lado da Igreja Luterana de Dar es Salaam, talvez um dos lugares mais seguros da cidade ;-)
No dia seguinte rumamos para Zanzibar, famosa por ser o entreposto comercial entre India e Europa entre os séculos XV e XVIII. De Zanzibar esperávamos pouco, mas ao invés de descrever vou usar imagens para contar nossa surpresa...
Scuba diving nos corais de Zanzibar
Macaco Red Colubus, parentes?
Luau na praia, e um brasileiro fora de compasso...
E a nossa modesta choupana na praia de Nguwi

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Aqui o vento faz a curva

Extremos do continente africano: chegamos ao cabo da boa esperança!

O navegador português Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a passar por aqui em 1488 e chamou este lugar de Cabo das Tormentas. Apesar de não ser o ponto mais ao sul do continente (o cabo das Agulhas a 150km daqui fica ligeiramente mais ao sul) o Cabo da Boa Esperança é o ponto onde os navegadores viram do sul para o leste e assim ficou conhecido como a ponta da Africa.

Mais de 520 anos depois este lugar marca o ponto mais ao sul da nossa passagem pelo continente africano. Agora rumamos para a Tanzania para chegar ao cume do continente no monte Kilimanjaro...

domingo, 19 de abril de 2009

Finalmente!

E finalmente o Drico chegou! Nos encontramos em Cape Town e logo de cara fomos treinar para o Kilimanjaro. Subimos as Table Mountains para apreciar a vista do fim de tarde do litoral Sul Africano. De lá seguimos viagem para o Leste, paramos em algumas vinícolas para provar o famoso Zifandel Sul Africano e rumamos para cidade de Hermanus para mergulhar com o grande Tubarão Branco. Confesso que minha expectativa era baixa, na saída matinal o capitão disse que não havia visto nenhum tubarão, e esta não é a melhor época para ver os bichos... Mas, eles sabiam que precisávamos deles pois sem eles esta etapa não poderia se chamar Face your Fears.
Foram 4 horas no mar e 7 tubaroes brancos, o maior com cerca de 5,5 metros. Eu estava enjoando na espera, mas quando a primeira barbatana surgiu na água a adrenalina foi tanta que o enjôo passou na hora! Acho que a foto conta tudo, o quarto tubarão bateu na gaiola enquanto eu estava lá dentro, mal deu tempo de tirar a foto pois minha maior preocupação naquela hora era deixar os pés e mãos bem longe da grade, e nessa gaiolinha isso é uma tarefa complexa!

domingo, 5 de abril de 2009

Face your Fears!!

E a segunda etapa da viagem já tem nome... FACE YOUR FEARS.
No próximo mês vamos saltar, mergulhar e escalar em um caldeirão de aventuras até chegar ao cume da Africa!

Enquanto o Adriano se recupera do tombo de bicicleta que atrasou a chegada dele em 2 semanas, eu comecei a descer a costa leste da Africa do Sul, conhecida como Wild Coast (de Durban a Cape Town), que, by the way, acredito ser um dos melhores lugares do mundo para Mochilar!
Além de excelente infra estrutura e transporte específico para backpackers (bazbus - www.bazbus.co.za) o lugar possui incrível beleza natural, montanhas, cachoeiras, trilhas, esportes de aventura, praias, surf, mergulho, e de lambuja é o berço do Nelson Mandela e de toda a historia do apartheid!

A primeira semana foi demais! Shark dive no recife de Aliwal Shoal (sem gaiola, vi dois black fin, quatro ragged teeth e um tubarão tigre de 3 metros, suficiente para me deixar morrendo de medo de surfar por aqui!), saltei do maior bungee jump do mundo - 216 metros, saltei do maior rope swing do mundo (a diferença entre os dois é que o bungee está para o Ioiô assim como o rope swing está para o pêndulo, ou seja, no rope swing, ao invés de cair em linha reta, se faz um semi círculo, uma balança gigante de 190 metros de altura...), e finalizei com o clássico surf em Jeffrey's Bay!

E o melhor de tudo é que fui um filho exemplar, e poupei minha mami de toda e qualquer preocupação só contando agora, depois de ter sobrevivido são e salvo!
Beijos Mãe!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

You say goodbye, and I say hello... hello, hello...

Como a maior parte das coisas na vida, uma volta ao mundo também flui em etapas. Após quase 1 mês cuidando dos animais no CROW chegou a hora de partir. A palavra de ordem num centro de resgate de animais silvestres é desapego, afinal, queremos que todos os animais saiam dali o mais rápido possível, e sabemos que aqueles que não saem morrem. Um mês de partidas e chegadas, mas mesmo assim, quando chega a minha vez de partir vou dormir triste. Sei que tem muita coisa legal pela frente mas também sei que vou deixar aqui muitos amigos que nunca mais vou ver. Em zulu a palavra para oi é muito parecida com a palavra que eles usam para dizer tchau, Sanibonani (se pronuncia, "San'bonaan")... Acho que eles estão certos, talvez este seja o aprendizado desta primeira etapa, partidas e chegadas são muito parecidas, apenas maneiras diferentes de ver a mesma coisa.